quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

VIVER


  Um ano é muito tempo quando carecemos que a tristeza diminua.
Um ano é muito pouco para consertarmos os nossos dias e pacificar o nosso coração.
Um ano de inexistência, de viagem sem volta, de descanso de palavras, um ano sem o teu sorriso, sem um sinal, sem nada……… é uma angústia que desfalece o corpo e desassossega a alma.
Um ano que silenciei, que emudeci, que guardei todas as palavras, desabafos e confidências, porque não me ouvias, não estavas aqui e a mais ninguém eu quero partilhar, era só tu e eu.
Um ano, sim, já foi há um ano que foste e a imagem que recordo diariamente e me consome a maior parte do tempo é simplesmente de uma presença tão frágil e dolorosa, nada condizente com a verdadeira. Não consigo atravessar esta ponte que me separa do antes e do presente e à necessidade de continuar de modo “natural”, de seguir em frente e começar a pensar em momentos que vivemos felizes, nas longas e agradáveis conversas, nas risadas, só posso afirmar, ainda é cedo, ainda é muito cedo……. Porque o meu coração está inquieto e ainda chora, não de raiva, mas de saudade………. saudade imensa.

Adoro-te minha querida irmãzinha.

sábado, 31 de outubro de 2015

Olhar vago

De entre os vários pensamentos que escrevo neste espaço e numa das minhas reflexões referi a necessidade do exercício da mente, pois de contrário ficamos vazios e ocos de pensamentos.
 Pois é, revejo-me nesse estado, vazia e oca por dentro. Vazia de ideias e ideais, de pensamentos, de não querer pensar e limitar-me a olhar ou melhor dizendo a ver. Ver só e apenas o que a minha visão consegue alcançar. De momento a minha visão é reduzida e muito simples, mas mesmo assim os meus olhos estão demasiado cansados.
Pensar, não tenho força para tamanho exercício. O que me rodeia absorve toda a minha atenção e capacidade. Sinto-me presa e limitada e mesmo tentado com muita força e esperança não consigo libertar-me desta pequena e recatada visão.
__ Olho as árvores e flores, mas não consigo sentir o seu perfume; observo os pássaros mas não oiço o seu chilrear, as pessoas falam, gesticulam e caminham de um lado para o outro, mas mais uma vez não ouço senão um simples murmúrio, nem sequer oiço o zumbido do vento que entra pela  janela entre aberta, só e apenas a brisa que transporta consigo.
 Desacreditada…, desiludida…., ou será apenas uma enorme saudade e melancolia que me acompanha e naturalmente semeia esta clara evidência de falta de propósito e confiança no futuro???!!!!

domingo, 1 de março de 2015

Estado de alma

 
 
Perdi parte de mim
Perdi a confidente
Perdi a cúmplice
Perdi a melhor amiga
Perdi a pessoa mais sensata que conheci
Perdi a pessoa que sabia o que dizer e agir no momento adequado, mesmo que só mais tarde usufruíssemos do seu saber.
Perdi a lutadora paciente e sofrida que confrontada diariamente com a guerra, sempre nos demostrou as suas conquistas de modo cuidadoso e refletido.
Perdi aquela que mesmo perante um existente tão difícil, idealizava e planeava o futuro de modo criativo e cheio de vivacidade.
Perdi, perdi um enorme pedaço de mim,……que vazio, que insignificância, que sentido sem sentido nenhum…….Mas, mesmo assim o meu coração bate, continua a bater, só que agora não sei por quanto tempo ainda ele bate de dor, de raiva, de angústia e de tristeza. Bate no enorme vazio, bate de apertado e pequeno. Bate de ausência, de tanto desgosto e solidão.
Guidinha! Como é triste viver sem ouvir o som da tua voz, sem poder sentir o teu cheiro, sem presenciar o teu olhar, como é triste não poder tocar-te…….Que saudade, que triste é viver sem a tua presença. Amo-te muito minha querida irmãzinha, tu sabes, sempre soubeste, mas queria poder dizer-te só mais uma vez.
Como é que vou conseguir viver com este aperto no peito, com este nó na garganta, com esta estranha e impossível sensação de que tudo vai ser como antes. Quando é que o amanhecer me trás a real perceção se foi ou não um sonho mau que vivi? Quando é que este desassossego me sossega? Quando? Dizem,,,,,, que os que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós,,,,
Mas o sentimento que carrego é uma estranha e enorme confusão no tempo, é de um desaparecimento longínquo, no entanto tão recente. É de uma imagem permanentemente presente, mas num sonho passado. Encontro-me muito confusa, completamente atarantada com a derradeira verdade da condição de vida ou morte, que me devasta a alma.
Fica em paz.

domingo, 23 de novembro de 2014

Um dia de cada vez

Esta é certamente uma das frases mais gastas e sugeridas neste começo de século. “Viver um dia de cada vez”. Esta frase faz-nos pensar no quão precioso é a vida e qual o nosso modo de estar perante as várias adversidades ou conquistas durante a nossa existência.
 Mas será que se pensarmos em modo de “viver um dia de cada vez” não irá afrouxar os nossos horizontes? Não irá limitar os nossos pensamentos a longo prazo? Não será um desalento e um enorme desconforto pensar que amanhã poderá ser tarde, ou simplesmente não existir? Será que o pêndulo oscila tão descontroladamente que nos ofusca a visão, e nos impede o equilíbrio? Talvez seja para nos poupar de pensar num futuro tão assustador e acidental e concentrarmo-nos simplesmente no agora. Pode ser tudo isto, mas mesmo assim prefiro pensar que o depois existe e não há necessidade de convivermos como se fosse a ultima vez. Viver intensamente sim, mas sempre com o intuito de compartilhar, de progredir, sempre em modo racional.
Por outro lado, é intrínseco ao ser humano a sua realização e a sede de chegar longe. Ora neste mundo tão selvagem é necessário munirmo-nos de rapidez, sem pendentes ou atrasos. Aqui está o outro lado da moeda. É obrigatório compreender que à velocidade com que tudo acontece neste mundo tão global, basta uma ligeira distração e já só apanhámos a última carruagem. Torna-se inevitável a corrida contra o tempo. Não podemos deixar para amanhã, porque entretanto o comboio desta nova era já passou e aí sim o amanhã já aconteceu ontem. Mas qual a motivo de tanta urgência? De tamanho descomedimento?
 Neste momento a resposta mais frequente é a crise. Mas não será consequência da míngua e negativa oferta do mercado de trabalho que teima em não satisfazer as necessidades do povo? Serviços que durante décadas foram desadequados e transformaram a nossa sociedade demasiada consumista e desigual? Será ainda a natural insatisfação pelo existente? Ou a necessidade imparável que o ser humano tem de se afirmar como o todo-poderoso? Quem sabe se não é apenas um simples descontentamento ou uma desmedida ambição?
De qualquer modo não podemos esquecer o equilíbrio necessário, a audácia, empenho, bom senso e criatividade. Fatores determinantes para uma geração que se quer afirmar no mundo e ser reconhecida entre os maiores (melhores), legando uma comunidade competente e produtiva. Esta frase, “Viver um dia de cada vez”, com que nos identificámos ou não, irá permanecer e juntar-se a outras de igual modo assente em determinada época da nossa história. Acredito que esta expressão seja considerada sempre pela positiva e sinónimo de bom prenúncio.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Faz de conta


Todos nós necessitámos de brincar ao faz de conta, fugir da realidade e por momentos fantasiar, reviver a infância, a brincadeira e desta forma podermos adotar procedimentos que de outro modo não nos é permitido. É muitas vezes através das personagens que encarnámos que transpomos as nossas experiências, os nossos valores. Dar uso à criatividade, explorar recursos, ser capaz de criar personagens, dominar a expressividade, estimular o relacionamento interpessoal é um processo que vamos aprendendo, com base no conhecimento e na formação individual, mas é principalmente através das vivências que podemos dar a conhecer outros pensamentos, incitar o outro a questionar, a pensar de modo diferente e mais ousado. Nada nos reprime, pois ao faz de conta quase tudo é permitido. Quase? Sim quase! Pois mesmo ao faz de conta não podemos ferir suscetibilidades, não nos é permitido desrespeitar ou descriminar. No faz de conta devemos estar providos de conteúdos para melhor os transmitir. 

domingo, 26 de janeiro de 2014

Carências

Todos nós sentimos falta de algo ou de alguém. Necessitamos de tempo, de dinheiro, de trabalho, de férias, de apetite, de vontade, de amigos, mas é sem dúvida na família que o nosso coração mais chora. É indiscutivelmente aqui que a nossa garganta fica demasiado apertada, tornando o ar que respiramos insuficiente para a nossa existência. Mas, como contrariar todas estas necessidades? Como obter um pouco de tudo isto sem prejuízo para o nosso bem – estar? Será um processo simples? Acredito que sim. É necessário dar, dar de nós, distribuir um pouco do nosso precioso tempo, prescindir de algo em prol do outro, temos que semear. Semear palavras, evidenciar atitudes, difundir sentimentos, espalhar o que de melhor existe nós. Descentrarmo-nos do nosso singular umbigo será certamente o início de uma colheita promissora, mesmo que a semente não consolide de imediato. Se não compartilharmos, se não dividirmos com os demais, o retorno será nulo e por vezes até acusador. É frequente assistirmos a inúmeras cobranças, somos seres insatisfeitos, mas se estivermos atentos, verificámos que onde a semente mais careceu foi em prejuízo de sentimentos e emoções. 
Emprestar um pouco do nosso tempo a ouvir testemunhos dos nossos avós ou de pessoas mais velhas é de fato enriquecedor e caloroso, sem esquecer que nestes momentos apadrinhámos uma imensa necessidade de afirmação. São histórias simples, mas com uma enorme dose de carinho e satisfação por poder partilhar. As vivências e passagens anteriores servem para aprender ou corrigir algo. Escutar, educar, transmitir e partilhar conhecimentos, são muitas vezes relatos de memórias que ajudam a compreender e a compreendermo-nos, tornando a vida mais simples e a inexistência menos presente.
À falência de emoções e vontades eu denomino de carência de viver. Uma vida sem objetivos ou ambições facilmente culmina na maior pobreza de existência.

domingo, 21 de abril de 2013

O meu refúgio

É no mar que me acalmo, é ali que a minha mente se desmaia das apreensões e de pensamentos tumultuosos e confusos. A imensidão do oceano transmite-me a existência de um além para lá do meu pensar, do meu desassossego, da minha angústia e ansiedade. É olhando o mar que procuro energias para abrandar de modo pacífico e controlado a rapidez dos meus entendimentos, pois de tão excessivos e penosos conseguem desgastar toda a minha capacidade de discernimento ou de razão. Por vezes, este estado de alma é  atropelado por turbilhões de pensamentos que me afastam da paz que necessito.
A brisa que sopra e que me aquieta de tão leve e fresca, o cheiro a sal e algas tempera as minhas ideias desengraçadas e sem teor, o som ritmado e único que provém das ondas a dispersar na areia é por demais calmante e descontraído, o reflexo da lua nas águas tranquilas nas noites mais quentes e amenas é panorama de tamanha beleza que me amorna o olhar e me brinda com uma sublime visão de perfeição, e o por do sol? Encantador, divinal.
 Sereno, agitado, ondas fortes, águas calmas e pacíficas,  de cor cinzenta azulada ou verde, é no mar que me abrigo, é para lá que vou quando preciso de paz interior, quando careço de raciocínio claro e sadio, quando a mente se esvazia de ideias e estas parecem não ter sentido, quando preciso de determinação e muita coragem para enfrentar as vicissitudes da vida, é sem dúvida no mar que me amparo e me descubro.
É ao mar que conduzo todo o meu pensar, os meus raciocínios e dele obtenho um gigantesco sopro de vida, de quietude. A bonança reina novamente nos meus pensamentos e desta vez com a clareza fundamental para dar continuidade ao momento e adaptar-me às circunstâncias. As minhas recordações, lembranças e ideias adquirem um novo ânimo. Fortalecida, renovada e completamente refeita das incertezas e angústias, a minha mente está límpida e repleta de paz. É no mar que me encontro.