quinta-feira, 30 de junho de 2011

Felicidade

Ser feliz, significa necessariamente sentirmo-nos bem. A felicidade é uma condição permanente de satisfação e equilíbrio. Sentimentos como mágoa, angústia, sofrimento ou ansiedade encontram-se distantes, ausentes. O ser humano quando é ou está feliz, manifesta e irradia, paz interior, alma quente, uma luz brilhante resplandece do olhar, transmitindo uma enorme corrente de emoções e sentimentos. Alegria intensa, bem-estar, prazer de viver e de sentir-se vivo. Ser feliz requer aprovação da nossa condição, sendo este o principal objectivo de todo o ser humano. Para algumas pessoas a felicidade está num sorriso, na alegria contagiante das crianças, no auxílio que foi possível prestar a um vizinho ou desconhecido, na mão estendida, no ombro prestativo onde me pude apoiar, numa palestra agradável, o toque do telefone ou na chegada de um postal no natal; enfim, a felicidade está nas coisas mais simples da vida. Palavras ou frases como: “ estou ao teu lado sempre, vou amar para sempre, podes contar comigo sempre, vou proteger-te sempre”, são um escutar constante e repetido, mas, em grande parte das circunstâncias, se resumem a pequenos momentos. Esta contradição ou incoerência é comum e não podemos esquecer que nesse instante, nesse momento, essas palavras manifestaram-se ou designaram-se como eternas, para sempre e, nada nem ninguém nos diminui desse estado de felicidade ou de alegria. Para sermos felizes temos de nos traçar de pequenos momentos, temos de nos edificar como uma construção, pedra sobre pedra, criar alicerces e escoras que nos irão suster e proteger dos ventos e chuvas a que o nosso abrigo, a nossa individualidade, o nosso carácter está exposto, de modo a garantir valores, condutas, atitudes e procedimentos fiéis aos nossos ideais e modos de ser e estar. Tudo isto poderá ser banal, comum, e o indivíduo não se erigir sobe estes requisitos, assim, para encontrar o estado de felicidade e contentamento são essenciais valores de igual modo importantes, mas noutra grandeza, noutra dimensão. A nossa existência, a nossa felicidade é feita de pequenos momentos; de certezas, incertezas, medos, receio de falhar, lutas, perdas, frustrações, pequenos sorrisos, lágrimas, combates diários contra a discriminação…….enfim, se vivermos à espera de grandes feitos, à procura de sublimes verdades, desperdiçamos grande parte da nossa vida, de nós e abdicamos de escutar os mais belos sons da autêntica melodia da vida, que esta sadia rotina nos garante.
 Neste momento em que a humanidade enfrenta uma extrema carência de sentimentos essenciais para manter uma situação de satisfação, êxito e alegria, torna-se necessário transmitir e até contagiar atitudes e momentos que resplendeçam felicidade, de modo a manter a luz brilhante, forte e permanente. É nestes momentos de maior tensão que, testemunhamos, qualificamos e quantificamos o nosso mérito para transpor os obstáculos, na escalada áspera e rochosa que a montanha da vida nos demonstra. As adversidades que esta caminhada nos reserva são permanentes e constantes, não podemos jamais colocar a felicidade em risco, não a nossa maior fonte de vida. A felicidade é a única razão de viver; quando a felicidade falha, a existência torna-se uma desproporcionada e lamentável experiência, mas é no mínimo claro que todos nós nos defrontamos com o objectivo pessoal de uma vida feliz. Será fácil? Difícil? Todos os seres são iguais no seu desejo de felicidade e no seu direito de a obterem. Penso que o propósito presente nas nossas vidas é a felicidade. Quantas vezes relativizámos a vida para podermos dar sentido à nossa ténue felicidade e vice-versa.
“Vou segredar-vos” __ Particularmente e neste momento posso dizer: se tivesse de viver a minha vida outra vez, certamente cometeria os mesmos erros e fazia idênticas escolhas (salvo pequenas opções); pois os princípios em que acredito para ser feliz, não me impediram, nem existiu necessidade de dirigir à minha existência outro caminho, outro sentido. A minha concepção de felicidade é muito simples; começa no apreço pelas pequenas/grandes realidades da vida, como: respeito pelo próximo, solidariedade, família, saúde, trabalho, amizade, partilha de saberes, de experiências, dedicação companheirismo,…… e pode perfeitamente terminar num simples lindo e longo passeio ao pé do mar, desde que não caminhe sozinha, pois a solidão é o que mais me inquieta, me perturba. A necessidade de estarmos sós é momentânea e corresponde à azáfama da vida que por vezes nos coíbe de pensar, de ponderar, de reflectir. Estes momentos solitários são picos preciosos, são seiva de energia para o corpo e espírito.A felicidade não está no fim da jornada e sim em cada curva do caminho que percorremos para a encontrar.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A minha janela

  Da minha janela alcanço e trespasso a imensa diferença que me demarca do exterior, assim como posso decifrar o que está para além da minha capacidade de imaginação. Por vezes a minha janela encontra-se transparente, límpida e cintilante, outras nem tanto, mas sempre aberta, de modo a depreender ruídos, sons, perfumes ou fragrâncias que se movimentam de modo visível ao olhar vago ou atento do espectador. O fumegar da chaminé da casa em frente carrega um forte e doce aroma a existência. O latir do cão confunde-se com os risos das crianças que brincam no jardim, o cheiro a relva cortada, a roupa a enxugar na varanda, atesta uma sensação de frescura e cuidado.
A rapidez ou lentidão que observo e avisto no dia-a-dia agitado e turbulento de cada um é um verdadeiro corrupio de emoções e sentimentos. Expressão de entusiasmo, paixão, alegria, mágoa, fraqueza, olhar repetido ao relógio que não para, exaltação, impaciência são manifestações que se reflectem como um espelho. Cada um de nós é o retrato do outro e ficamos nós, por vezes tão indignados com atitudes e comportamentos quando o legado é semelhante, confundindo-se com uma visão tão própria e já anteriormente conhecida, mas, a minha modesta janela mesmo sem grades contribui para a minha recatada visão, a minha pequenez.
A movimentação é inevitável e a rotina do dia-a-dia impõem o terminar da visão calma e tranquila que até há instantes contemplava e que me conduzia para outra vida, outros entendimentos. A minha janela é o meu anteparo entre o meu interior e o mundo, quando límpida é um ótimo exercício à criatividade e imaginação, ao contrário oculta todas as emoções inibindo-me de regozijar as maravilhas da vida.