domingo, 21 de abril de 2013

O meu refúgio

É no mar que me acalmo, é ali que a minha mente se desmaia das apreensões e de pensamentos tumultuosos e confusos. A imensidão do oceano transmite-me a existência de um além para lá do meu pensar, do meu desassossego, da minha angústia e ansiedade. É olhando o mar que procuro energias para abrandar de modo pacífico e controlado a rapidez dos meus entendimentos, pois de tão excessivos e penosos conseguem desgastar toda a minha capacidade de discernimento ou de razão. Por vezes, este estado de alma é  atropelado por turbilhões de pensamentos que me afastam da paz que necessito.
A brisa que sopra e que me aquieta de tão leve e fresca, o cheiro a sal e algas tempera as minhas ideias desengraçadas e sem teor, o som ritmado e único que provém das ondas a dispersar na areia é por demais calmante e descontraído, o reflexo da lua nas águas tranquilas nas noites mais quentes e amenas é panorama de tamanha beleza que me amorna o olhar e me brinda com uma sublime visão de perfeição, e o por do sol? Encantador, divinal.
 Sereno, agitado, ondas fortes, águas calmas e pacíficas,  de cor cinzenta azulada ou verde, é no mar que me abrigo, é para lá que vou quando preciso de paz interior, quando careço de raciocínio claro e sadio, quando a mente se esvazia de ideias e estas parecem não ter sentido, quando preciso de determinação e muita coragem para enfrentar as vicissitudes da vida, é sem dúvida no mar que me amparo e me descubro.
É ao mar que conduzo todo o meu pensar, os meus raciocínios e dele obtenho um gigantesco sopro de vida, de quietude. A bonança reina novamente nos meus pensamentos e desta vez com a clareza fundamental para dar continuidade ao momento e adaptar-me às circunstâncias. As minhas recordações, lembranças e ideias adquirem um novo ânimo. Fortalecida, renovada e completamente refeita das incertezas e angústias, a minha mente está límpida e repleta de paz. É no mar que me encontro.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

QB

Pois é, sobre estas duas inscrições podemos desenvolver uma grande conversa e perceber o poder destas letras em determinar o seu fim, definir o tempo e até o seu conteúdo. Se a prosa é muito longa ,ultrapassa de imediato o famoso e rígido quanto basta (qb), se o teor é inconveniente ou despropositado, rapidamente nos confrontamos com o qb, quando pretendemos normalizar ou estagnar um assunto logo intervém o qb, mas é na culinária que adquirem uma enorme utilidade. qb para aqui, qb para acolá e todos sabemos exatamente do que se trata, nem mais, nem menos, é o instante e a porção real no lugar e momento exato. Visíveis em qualquer escrito, não carecem de tradução, são por demais conhecidas e não suscitam qualquer dúvida, é somente quanto baste (qb). Ao que parece o único senão é mesmo em contexto ofensivo. O qb nos insultos é sempre por excesso e mesmo assim não nos permite saber o grau, a medida.
 
Como poderemos quantificar quão a intensidade mencionada nestas afirmações?
 “ És parvo qb, És ignorante qb, És estúpido qb, És teimoso quanto baste.”
Temos que ter a verdadeira noção do qb em tudo, mas é sem dúvida na linguagem, nos comportamentos, na forma de ser e principalmente de estar que a sua importância determina o indivíduo. Não ter a perceção do qb implica insanidade mental e social.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Passos

São milhares os passos efetuados ao longo deste trajeto e quem sabe ainda outros tantos para andar no decorrer da nossa existência. No começo, os passos são pequenos, receosos, inseguros, necessitamos de ajuda, de um guia que nos indique o melhor caminho, aquele que se apresenta mais livre de obstáculos, mais reto e sem variações. Depois, com o tempo aventurámo-nos a ultrapassar algumas barreias, com a aprendizagem e habilidade vamos adquirindo confiança e atrevemo-nos a passos maiores. A parti daí a facilidade com que superamos e ultrapassamos os impedimentos é cada vez mais clara e como efeito os passos tornam-se cada vez maiores e com uma firmeza que nos possibilita uma grande marcha, quase corrida.
Estes passos: uns pequenos e vagarosos, outros mais longos e determinados, outros ainda muito trémulos e inconstantes, foram e são passos fundamentais para a estruturação desta marcha ou caminhada, mas, no decorrer desta jornada continuam a ser vários os atalhos, descuidos e encontrões que nos surgem e nos dificultam o andamento, a passada. Estes deslizes ocorrem quando antecipadamente considerámos seguros os passos efetuados e com os vários atalhos pressupõem-se chegadas mais rápidas e com resultados positivos, mesmo que os passos a efetuar sejam mais difíceis, frágeis e com impulsos vários. Estes atalhos que com maior ou menor frequência nos confrontamos nos caminhos que a vida nos mostra, são eles muitas vezes sinónimo de oportunidade, de acesso fácil, de fuga para chegar em primeiro, ou na grande maioria das vezes, não.
Nesta caminhada os encontrões são também vários e diversos, basta desviar um pouco o olhar para outros horizontes, para outra grandeza que de imediato somos ultrapassados sem a menor dificuldade. Capacitados e determinados em concluir o grandioso percurso até à meta vamos prosseguindo a marcha, uns mais vagarosos, outros mais rápidos, mas sempre com a convicção de sermos os pioneiros.  Uma vez atingível, é com enorme espanto que constatamos que aquela meta outrora tão distante revelou-se demasiado atingível e excessivamente fácil de alcançar.
 Poderemos pensar! Será que dispensamos demasiado cedo o guia, o protetor e até o trilho que anteriormente nos limitava? Será que necessitávamos de tropeçar mais vezes e até cair? Será que os nossos passos cederam ao percorrer o atalho que preferimos? Será que ficamos demasiado deslumbrados com a caminhada dos outros e esquecemo-nos de andar? Foram certamente demais as passadas e em direções distintas que somente mais tarde conheceremos o seu desfecho e deste modo entender se os nossos passos foram consistentes e sólidos ou ao contrário, frágeis e desamparados. Antes, quando os nossos passos eram pequenos e hesitantes, a nossa vontade de conseguir, de obter algo, era um entusiasmo e orgulho no triunfo no sucesso, agora e perante a facilidade de atingir o objetivo, somos atingidos pela nostalgia, pela saudade dos entraves.
Relativamente a outros PAÇOS, aí presenciamos quem os use para se manter inatingível. Sem passadas e sob trilhos altamente arriscados conseguiram fixar-se e permanecer intocáveis, promovem a corrida mas marcham a um ritmo muito vagaroso, lento e derrapam ao cabo de um par de anos, com milhares de passos concluídos sim, mas ineficazes e com um rasto de incompetência.
Não podendo esquecer a realidade e alusivo ao nosso querido PASSOS, analisamos que são milhares os passos sem direção. Aqui deparamo-nos com uma gigantesca montanha de pegadas obscuras e confusas, passos e passadas que por muito que caminhe, marche ou corra, nunca chegará a ultrapassar o colossal montão de emaranhados trilhos e caminhos que tão rapidamente criou. Perante tanta ineficácia e incapacidade decide-se aprontar, adiando a marcha e num andamento cada vez mais desastroso, reclama a sua incompetência contra quem apenas desejou gatinhar.
 O alcance de metas é para muitos objetivo fácil, traduz-se em pouquíssimos passos, mas para quem ousa legar que é possível realizar um grande feito, sem choques ou empurrões, tem necessariamente de se garantir com uma enorme dose de coragem e muita persistência, pois de contrário o nosso legado depressa se apaga e desaparece na história.