São milhares os passos
efetuados ao longo deste trajeto e quem sabe ainda outros tantos para andar no
decorrer da nossa existência. No começo, os passos são pequenos, receosos, inseguros,
necessitamos de ajuda, de um guia que nos indique o melhor caminho, aquele que
se apresenta mais livre de obstáculos, mais reto e sem variações. Depois, com o
tempo aventurámo-nos a ultrapassar algumas barreias, com a aprendizagem e habilidade
vamos adquirindo confiança e atrevemo-nos a passos maiores. A parti daí a
facilidade com que superamos e ultrapassamos os impedimentos é cada vez mais
clara e como efeito os passos tornam-se cada vez maiores e com uma firmeza que
nos possibilita uma grande marcha, quase corrida.
Estes passos: uns
pequenos e vagarosos, outros mais longos e determinados, outros ainda muito
trémulos e inconstantes, foram e são passos fundamentais para a estruturação
desta marcha ou caminhada, mas, no decorrer desta jornada continuam a ser
vários os atalhos, descuidos e encontrões que nos surgem e nos dificultam o andamento,
a passada. Estes deslizes ocorrem quando antecipadamente considerámos seguros
os passos efetuados e com os vários atalhos pressupõem-se chegadas mais rápidas
e com resultados positivos, mesmo que os passos a efetuar sejam mais difíceis,
frágeis e com impulsos vários. Estes atalhos que com maior ou menor frequência
nos confrontamos nos caminhos que a vida nos mostra, são eles muitas vezes
sinónimo de oportunidade, de acesso fácil, de fuga para chegar em primeiro, ou na
grande maioria das vezes, não.
Nesta caminhada os
encontrões são também vários e diversos, basta desviar um pouco o olhar para
outros horizontes, para outra grandeza que de imediato somos ultrapassados sem
a menor dificuldade. Capacitados e determinados em concluir o grandioso percurso
até à meta vamos prosseguindo a marcha, uns mais vagarosos, outros mais rápidos,
mas sempre com a convicção de sermos os pioneiros. Uma vez atingível, é com enorme espanto que constatamos
que aquela meta outrora tão distante revelou-se demasiado atingível e
excessivamente fácil de alcançar.
Poderemos pensar! Será que dispensamos
demasiado cedo o guia, o protetor e até o trilho que anteriormente nos limitava?
Será que necessitávamos de tropeçar mais vezes e até cair? Será que os nossos
passos cederam ao percorrer o atalho que preferimos? Será que ficamos demasiado
deslumbrados com a caminhada dos outros e esquecemo-nos de andar? Foram
certamente demais as passadas e em direções distintas que somente mais tarde conheceremos
o seu desfecho e deste modo entender se os nossos passos foram consistentes e
sólidos ou ao contrário, frágeis e desamparados. Antes, quando os nossos passos
eram pequenos e hesitantes, a nossa vontade de conseguir, de obter algo, era um
entusiasmo e orgulho no triunfo no sucesso, agora e perante a facilidade de atingir
o objetivo, somos atingidos pela nostalgia, pela saudade dos entraves.
Relativamente a
outros PAÇOS, aí presenciamos quem os use para se manter inatingível. Sem passadas
e sob trilhos altamente arriscados conseguiram fixar-se e permanecer
intocáveis, promovem a corrida mas marcham a um ritmo muito vagaroso, lento e derrapam
ao cabo de um par de anos, com milhares de passos concluídos sim, mas ineficazes e
com um rasto de incompetência.
Não podendo esquecer a realidade e alusivo ao
nosso querido PASSOS, analisamos que são milhares os passos sem direção. Aqui
deparamo-nos com uma gigantesca montanha de pegadas obscuras e confusas, passos e
passadas que por muito que caminhe, marche ou corra, nunca chegará a
ultrapassar o colossal montão de emaranhados trilhos e caminhos que tão
rapidamente criou. Perante tanta ineficácia e incapacidade decide-se aprontar, adiando
a marcha e num andamento cada vez mais desastroso, reclama a sua incompetência contra
quem apenas desejou gatinhar.
O alcance de metas é para muitos objetivo
fácil, traduz-se em pouquíssimos passos, mas para quem ousa legar que é possível realizar um grande feito, sem choques ou empurrões, tem necessariamente
de se garantir com uma enorme dose de coragem e muita persistência, pois de
contrário o nosso legado depressa se apaga e desaparece na história.