sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Convicções?!

Epidemia é sinónimo de praga, peste ou flagelo sendo com muita tristeza que ainda hoje verificamos a sua presença. Infelizmente são devastadoras e arruínam comunidades, a sua essência, os seus corpos. As vacinas são prevenções e tratamentos que devidamente e atempadamente adquiridas evitam muitas doenças outrora sem resolução.
Casamento é uma união, um enlace, um elo de ligação, do mesmo modo que as uniões de facto, pois são a junção entre duas pessoas que se amam e que decidiram coabitar no mesmo espaço, partilhar e conjugar ideias e opiniões que a dois resultam em semelhanças e afinidades que se completam e complementam.Três temas diferentes, sem nada em comum, inacreditável, impensável e inconcebível para proclamar numa homilia de casamento. Mas, é pedido atenção e silêncio pelo celebrante para as palavras que vão ser dirigidas aos noivos, pois o momento assim o designa. O pedido é acatado inclusive desligados os holofotes dos fotógrafos para não perturbar ou distrair a assembleia que atentamente escuta.
Na minha perspectiva e naquele momento, o pensamento e argumento do celebrante deveria ser dirigido ao novo casal e demonstrar a importância do casamento, o que este significa, como é importante amar, planear, dar, ouvir, respeitar o outro, enfim seria muito mais gratificante para os noivos e restantes convidados proferir palavras de alegria e satisfação por estar diante de si um casal, jovem, que se quer unir pelo sacramento do casamento; mas não, escolheu criticar, julgar e condenar outras formas de união entre pessoas que se amam. O seu discurso foi insensível e deveras perturbador, levando-me a questionar se estava num local de culto, de oração e perante uma cerimónia de alegria e comemoração ou num lugar onde o pregador se esqueceu da função para que foi nomeado e começou a ensandecer. De entre várias frases sem fundamento destaco esta que me perturbou e que discordo profundamente, “… caros noivos, hoje pretendo pronunciar algumas palavras no sentido de vos alertar para esta epidemia que está a atingir os nossos jovens. Estou a falar das uniões de facto, dispensando os jovens de assumir compromissos e promessas que se recusam a reconhecer. Os jovens que vivem em união de facto, ausentam-se às responsabilidades, fogem dos acordos, dos deveres. O casamento é sem dúvida a vacina necessária para combater esta epidemia…”, prosseguiu com mais frases sem coerência, sem nexo, sem fio condutor, que transmitisse algo de claro, apenas prosseguiu com uma oratória que me indignou e revoltou de modo a partilhar este momento com vocês. Alguém ao meu lado, também indignado sussurrou, ”não gostaria de ouvir isto no meu casamento”. A minha esperança é que o choro das crianças que também estavam na cerimónia e o seu andar inseguro, frágil e ruidoso desviasse mesmo que por instantes a atenção das pessoas e as suas palavras não passassem de meros sons.
Todos os pais desejam o melhor para os seus filhos, que sejam e vivam felizes. Deus é pai, por isso tenho a certeza que Ele quer que os seus filhos vivam em paz, amor, respeito e harmonia, independentemente do caminho que escolhem para viver em felicidade. Este e outros temas faz-nos pensar o que é estar convicto ou firme sobre uma questão, um pensamento ou comportamento. Fazer juízos de moral ou valor em relação a pessoas, sentimentos, atitudes ou modos de vida, é muitas vezes traduzido em sentimentos de desconfiança, censura às diferenças e fraqueza, ignorando as consequências de tanta convicção e firmeza. Um ser humano demasiado convicto é certamente sinónimo de inflexível e incomplacente com os seus amigos, o seu próximo ou sociedade. A minha questão é: será que a sua atitude é resultante da sua convicção, crença ou ética? Ou será a sociedade onde está inserido que lhe impõe estas atitudes? A maioria das nossas acções são resultante do que exigem ou esperam de nós e não propriamente do juízo, certeza ou crença que defendemos, porque muitos  de nós, aceitamos e seguimos certas normas morais e sociais, sem questionarmos, apenas fazêmo-lo porque é  costume ou prática, ignorando o seu significado ou o seu propósito. 

sábado, 15 de outubro de 2011

Inquietudes

Nervosismo, tumulto e desassossego é o que nos demonstra esta luta desigual de classes colocando em causa principalmente a saúde e educação. Há uns anos atrás, grandes e médias empresas, instituições bancárias abonavam lucros fabulosos e como que ao som de um clique começaram a dar prejuízos enormes de tal modo que foi inevitável a intervenção do governo de modo a auxiliar na sua liquidez. Desculpem mas não entendo como é que uma empresa tão depressa detém lucros como rapidamente entra em declive e obviamente em falência. Resultado da crise? Mas qual crise? De quem? De quê? Quem afecta? O mercado que está direccionado para os ditosos, como o automóvel que tem escassez de produto perante a procura? Não, estes não demonstram crise; o imobiliário? As grandes moradias vende-se sem problemas, o sector hoteleiro e de viagens não apresentam dificuldades, claro que refiro-me a locais paradisíacos e com várias estrelas. As grandes marcas como vestuário, calçado, brinquedos, artigos decorativos, enfim, todos os bens e produtos de grande escala são cada vez mais atraídos pelo consumo. Então, mais uma vez pergunto e questiono a minha humilde inteligência, onde está a crise? Afinal não somos todos nós que temos o compromisso de atenuar a crise? Sem dúvida que sim, mas esta atinge de modo muito mais devastador o indivíduo mais frágil, delicado, indefeso, de menor capacidade, quer cultural, social, mas principalmente o de classe económica média/baixa.
Saúde e educação são vertentes sociais que implica de modo directo a comunidade e a sua continuidade e é nestas áreas que o governo quer reduzir despesas quando a qualidade dos serviços prestados não são de forma alguma sequer classificados de razoáveis. Escolas sem professores, turmas ou classes com excesso de alunos, materiais e mobiliário inadequado, a prática de exercício físico é realizada sem garantias de segurança, não possuem um pavilhão polivalente, ensino este que não agrada professores nem alunos. São inúmeros os défices neste assunto. A saúde está muito doente, desde os profissionais, os locais de atendimento e claro os utentes. A espera é demasiada pelas consultas, o atendimento rápido e indiferente, prescrições de medicamentos e meios de diagnóstico desnecessários do mesmo modo que verificamos noutras situações a sua escassez. Profissionais de saúde que só obrigatoriamente cumprem horário e assim constatámos, uma enorme lentidão, carência de sensibilidade, falta de comunicação, humanização e organização.
 Podemos reduzir custos e aumentar receitas em variadíssimos sectores, mas nunca numa área tão delicada e necessária como a saúde e a educação. Criar impostos sobre as fortunas? Sim. Desenvolver impostos extras sobre as grandes vivendas, ou sobre ordenados elevadíssimos, ou ainda nos carros de luxo? Sem dúvida que sim. Certamente que estes exemplos teriam um impacto positivo na educação e melhoravam a saúde dos portugueses, mas estas medidas não acreditam votos, créditos ou popularidade. Não sou economista nem necessito de o ser para saber que para equilibrar o orçamento perante a escassez que verifico na minha contabilidade, tenho que reduzir e poupar. Evitar o desnecessário mesmo que seja um e só um euro é o lema. O ditado “grão a grão enche a galinha o papo” é hoje uma forte constatação a ter em apreciação. A economia está a regredir e como alguém já disse estamos a caminhar para um Portugal pobre, muito pobre idêntico ao dos anos sessenta / setenta. Cerzir meias, levar marmitas para o trabalho será um procedimento a adoptar. Contudo a área da saúde e educação são pilares fundamentais para a construção de um povo e de um país. Um povo doente e carente de conhecimentos, cultura ou formação, irá certamente mais uma vez comprometer o nosso futuro e continuarmos no fundo da tabela, sem evolução ou progresso.
 Esta carência de meios, esta lacuna actual na sociedade vai através de ramais familiares e sociais cada vez mais débeis e vagos, atingir consequências devastadoras.

domingo, 2 de outubro de 2011

Falar/Ouvir/Escutar

Saber ouvir é muito mais importante do que falar. Existe um provérbio indiano que diz”Quando falares, procura que as tuas palavras sejam melhores que o silêncio”.
 Uma das caraterísticas relevantes e que definem o ser humano no seu quotidiano é saber ouvir/escutar os outros. Saber escutar é muito, muito importante, mas nem sempre é fácil. Escutar sem interromper, o olhar atento e interessado, a postura ou o silêncio necessário e precioso, são modos de demonstrarmos a nossa atenção e interesse. Hoje é muito difícil encontrar alguém que nos ouça, temos como desculpa o stress do corre-corre do dia-a-dia, ou, quando conversamos, queremos ser o centro das atenções e fazer prevalecer as nossas ideias e opiniões, evitando a manifestação e desejo do outro, deixando de ser uma conversa para ser um monólogo. Hoje a minha predisposição para ouvir nem sempre é a mais assertiva, especialmente com aqueles que me estão próximos, pois as minhas lamúrias, os meus desabafos precisam de ser exteriorizados e também eu necessito de me expressar de modo a que me oiçam. O meu murmúrio hoje é cada vez mais vagaroso e franzino, desaparecendo despercebido no meio da azáfama do momento, sendo cada vez mais difícil encontrar um ouvido atento e acessível. O isolamento, a solidão acompanhada é um sentimento dramático, autêntico, em que a solução depende só de nós, através da nossa sensibilidade e disponibilidade para com os outros. A continuidade com que ouvimos falar, falar, falar, mas sem teor ou conteúdo, causa uma enorme indiferença e insatisfação, levando a desconcentrarmo-nos e direccionarmos o entendimento nas nossas causas, em nós, actuando como indivíduos egoístas e confortávelmnte comodistas.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Educar

Educar é sinónimo de ensinar, disciplinar, instruir, guiar ou orientar, mas é fundamentalmente formar e habilitar os nossos filhos, as nossas crianças, para que sejam jovens e adultos capazes, autónomos, solidários e bem formados. Tudo isto através dos nossos ensinamentos, conselhos e exemplos, legado este que iremos rever no futuro. É ao redor da mesa que muitas vezes começamos por ensinar as primeiras regras e comportamentos. Saber estar à mesa, como sentar, o modo correcto de comer, não interromper as conversas, pedir licença para sair ou pedir por favor; são pormenores que devem desde cedo fazer parte das boas maneiras, de como nos comportar em sociedade.
Hoje é comum observarmos crianças, descendentes de vários extractos sociais, sentados comodamente à mesa de um restaurante e sem transtorno ou aborrecimento para quem os acompanha, ser-lhes facultado e sem nenhuma objecção o computador ou telemóvel para brincar e deste modo poderem usufruir do acto da refeição sem contrariedades. Não, não estou a referir-me a adolescentes, mas sim a crianças que mal sabem falar, idade da imaginação, dos porquês, idade preciosa para lhes mostrar e demonstrar o modo correcto de ser e estar. Fiquei chocada sim com esta situação, pois eram várias as mesas com crianças, caladas, sem um riso, choro ou uma birra e por consequência, pais e amigos tranquilos sem dirigir qualquer palavra ou comentário à criança no decorrer de quase duas horas de jantar, a não ser claro para repor um novo jogo ou eventualmente apanhar o telemóvel que entretanto acabou por cair.
Que legado é este que transmitimos às nossas crianças? Todos sabemos que elas aprendem por imitação. Certamente quando lhes surgir as primeiras questões, as primeiras dúvidas, irão naturalmente dirigir-se à máquina, isolados, sem diálogo e com pais à procura de respostas nos consultórios dos psicólogos, pois não sabem o que fazer com os filhos deprimidos, solitários e afastados. Não temos o direito de culpabilizar os nossos adolescentes e jovens pelo excesso de rebeldia que muitas vezes é acompanhada de má educação, pois no momento em que foi necessário aconselhar e educar, nós adultos, estávamos demasiado absorvidos e alheios. Resultado do progresso, não, resultado do egoísmo, comodismo e inexistência de comunicação.  

domingo, 24 de julho de 2011

Constatação

O Presente, o imediato, o agora, neste instante, o já, será uma certeza? Duvido porque considero que o presente é o resultado do antes, do passado, do antigo, até o futuro, está expressivo na condição de presente. Neste momento, no agora, estamos a testemunhar o passado, ou a surpreender e até alterar o futuro?
Depois desta contradição analiso que o presente não existe a não ser aquele que vem embrulhado e com um grande laço, mas, mesmo esse tem uma breve durabilidade, pois logo que se desata, já é passado e imaginamos de imediato o próximo, portanto o futuro. Desta constatação posso depreender que o presente não existe, mas é sim um estado de presença em determinado momento, que ocorre entre o que foi e o que vai ser. Mas, e os sorrisos inesperados, as lágrimas que não conseguimos conter, os soluços, a voz trémula de emoção, as mãos frias e suadas de ansiedade, as expressões, o olhar preocupado ou apaixonado e o friozinho na barriga? Tudo isto não é presente? É, sem dúvida que sim.
Mas há mais, a resposta ”presente” à chamada do professor para conferir as faltas, isto no passado, pois hoje, para responder à chamada, o aluno necessita apenas de um simples lápis na mão meia elevada e cabeça baixa não carecendo de proferir a palavra que atesta a sua presença. O verdadeiro “presente” é sem sombra de dúvida quando conjugamos o verbo ser, afirmativo, certo, real, quer relativamente ao indivíduo e por complemento aos outros. Eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são, concluem e aprovam a nossa condição de “presente” enquanto sujeito.
O “passado”, esse aconteceu há pouco; foi ontem, dantes, outrora, mas, ao revivermos e lembrarmos de modo tão particular e detalhado determinado momento, acontecimento ou feito, transportamos rapidamente o passado para o presente, logo está mais presente que o próprio “presente”, demos preferência a memórias do passado em sobreposição do presente, facultámos-lhe uma pausa, ficando este no estado de passado, ou será no futuro!
 O futuro é sinónimo de incógnita, de destino, esperança, expectativa, mistério, é o que nos move, nos incentiva e estimula, mas se o futuro é consequência da acção passada, portanto do presente, tudo depende do hoje e do ontem, passado? Estou completamente baralhada ou será que não? Tanto faz, o importante é o que me levou a reflectir sobre tudo isto, passado, presente e futuro. A idade? Talvez seja, mas é e foi seguramente um recordar de bons momentos, conviver e conhecer pessoas extraordinárias ao longo do tempo que nos deixam saudades e um enorme brilho nos olhos que nos faz pensar. É um presente inesperado que não é resultado do passado, mas sim um autentico imprevisto, atado não com um laço mas sim com um difícil nó para desprender. Este presente exige calma, firmeza, competência e eficácia que nos permita desatar e prosseguir no propósito de encontrar o futuro. Futuro que se aguarda sombrio, inseguro, incerto, imprevisível e arriscado. Esperança e alento são necessários para assegurar o futuro. Doutro modo, somos um povo sem presente e consequentemente sem história, impedindo de existir futuro.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

ETC

            Esta espressão se é que podemos assim designar ou sigla,  provêm de origem latina  e significa que a frase ou ideia têm continuação, normalmente utilizamos no fim de uma frase e cada indíviduo poderá  continuar consoante as preferências e até modificar o sentido inicial.  Para relatar um episodio podemos iniciar de forma comum e destacar algumas caracteristicas, deixando o leitor pensar como terminar ou acrescentar conteúdo ao documentário, ou informação.
Como exemplo e para especificar vou inumerar algumas características de um ator famoso, George Clooney. Ele é, bonito ,elegante, excelente ator,charmoso, atraente, galá, inteligente, audaz  e como não me ocorre mais adjetivos, coloco ETC.
 Nesta descrição é possível reunir ainda outras competências sobre esta personalidade mas, nada mais conveniente, quando não nos ocorre o que escrever e dispomos de uma sigla que na utilização traduz tudo o que não somos capazes de escrever ou dizer. Desta forma o leitor pode direccionar o registo até onde a sua imaginação o conduzir, o que neste caso em particular, não será difícil traçar adjectivos e atributos. Aqui o ETC leva a supor e conceber conceitos sobre o desconhecido no entanto tão frequente.
 Pessoalmente prefiro ”entre outros” para terminar as frases, pois de outro modo o sentimento que é transmitido é de insuficiência, de incapacidade para descrever o que não conhecemos, de expressar um continuar que não conseguimos exprimir ou evocar ou ainda de que modo vai concluir o texto ou a frase.
Resumidamente quando alguém escreve “ETC” ou está com preguiça ou tem pouco vocabulário.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Felicidade

Ser feliz, significa necessariamente sentirmo-nos bem. A felicidade é uma condição permanente de satisfação e equilíbrio. Sentimentos como mágoa, angústia, sofrimento ou ansiedade encontram-se distantes, ausentes. O ser humano quando é ou está feliz, manifesta e irradia, paz interior, alma quente, uma luz brilhante resplandece do olhar, transmitindo uma enorme corrente de emoções e sentimentos. Alegria intensa, bem-estar, prazer de viver e de sentir-se vivo. Ser feliz requer aprovação da nossa condição, sendo este o principal objectivo de todo o ser humano. Para algumas pessoas a felicidade está num sorriso, na alegria contagiante das crianças, no auxílio que foi possível prestar a um vizinho ou desconhecido, na mão estendida, no ombro prestativo onde me pude apoiar, numa palestra agradável, o toque do telefone ou na chegada de um postal no natal; enfim, a felicidade está nas coisas mais simples da vida. Palavras ou frases como: “ estou ao teu lado sempre, vou amar para sempre, podes contar comigo sempre, vou proteger-te sempre”, são um escutar constante e repetido, mas, em grande parte das circunstâncias, se resumem a pequenos momentos. Esta contradição ou incoerência é comum e não podemos esquecer que nesse instante, nesse momento, essas palavras manifestaram-se ou designaram-se como eternas, para sempre e, nada nem ninguém nos diminui desse estado de felicidade ou de alegria. Para sermos felizes temos de nos traçar de pequenos momentos, temos de nos edificar como uma construção, pedra sobre pedra, criar alicerces e escoras que nos irão suster e proteger dos ventos e chuvas a que o nosso abrigo, a nossa individualidade, o nosso carácter está exposto, de modo a garantir valores, condutas, atitudes e procedimentos fiéis aos nossos ideais e modos de ser e estar. Tudo isto poderá ser banal, comum, e o indivíduo não se erigir sobe estes requisitos, assim, para encontrar o estado de felicidade e contentamento são essenciais valores de igual modo importantes, mas noutra grandeza, noutra dimensão. A nossa existência, a nossa felicidade é feita de pequenos momentos; de certezas, incertezas, medos, receio de falhar, lutas, perdas, frustrações, pequenos sorrisos, lágrimas, combates diários contra a discriminação…….enfim, se vivermos à espera de grandes feitos, à procura de sublimes verdades, desperdiçamos grande parte da nossa vida, de nós e abdicamos de escutar os mais belos sons da autêntica melodia da vida, que esta sadia rotina nos garante.
 Neste momento em que a humanidade enfrenta uma extrema carência de sentimentos essenciais para manter uma situação de satisfação, êxito e alegria, torna-se necessário transmitir e até contagiar atitudes e momentos que resplendeçam felicidade, de modo a manter a luz brilhante, forte e permanente. É nestes momentos de maior tensão que, testemunhamos, qualificamos e quantificamos o nosso mérito para transpor os obstáculos, na escalada áspera e rochosa que a montanha da vida nos demonstra. As adversidades que esta caminhada nos reserva são permanentes e constantes, não podemos jamais colocar a felicidade em risco, não a nossa maior fonte de vida. A felicidade é a única razão de viver; quando a felicidade falha, a existência torna-se uma desproporcionada e lamentável experiência, mas é no mínimo claro que todos nós nos defrontamos com o objectivo pessoal de uma vida feliz. Será fácil? Difícil? Todos os seres são iguais no seu desejo de felicidade e no seu direito de a obterem. Penso que o propósito presente nas nossas vidas é a felicidade. Quantas vezes relativizámos a vida para podermos dar sentido à nossa ténue felicidade e vice-versa.
“Vou segredar-vos” __ Particularmente e neste momento posso dizer: se tivesse de viver a minha vida outra vez, certamente cometeria os mesmos erros e fazia idênticas escolhas (salvo pequenas opções); pois os princípios em que acredito para ser feliz, não me impediram, nem existiu necessidade de dirigir à minha existência outro caminho, outro sentido. A minha concepção de felicidade é muito simples; começa no apreço pelas pequenas/grandes realidades da vida, como: respeito pelo próximo, solidariedade, família, saúde, trabalho, amizade, partilha de saberes, de experiências, dedicação companheirismo,…… e pode perfeitamente terminar num simples lindo e longo passeio ao pé do mar, desde que não caminhe sozinha, pois a solidão é o que mais me inquieta, me perturba. A necessidade de estarmos sós é momentânea e corresponde à azáfama da vida que por vezes nos coíbe de pensar, de ponderar, de reflectir. Estes momentos solitários são picos preciosos, são seiva de energia para o corpo e espírito.A felicidade não está no fim da jornada e sim em cada curva do caminho que percorremos para a encontrar.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

A minha janela

  Da minha janela alcanço e trespasso a imensa diferença que me demarca do exterior, assim como posso decifrar o que está para além da minha capacidade de imaginação. Por vezes a minha janela encontra-se transparente, límpida e cintilante, outras nem tanto, mas sempre aberta, de modo a depreender ruídos, sons, perfumes ou fragrâncias que se movimentam de modo visível ao olhar vago ou atento do espectador. O fumegar da chaminé da casa em frente carrega um forte e doce aroma a existência. O latir do cão confunde-se com os risos das crianças que brincam no jardim, o cheiro a relva cortada, a roupa a enxugar na varanda, atesta uma sensação de frescura e cuidado.
A rapidez ou lentidão que observo e avisto no dia-a-dia agitado e turbulento de cada um é um verdadeiro corrupio de emoções e sentimentos. Expressão de entusiasmo, paixão, alegria, mágoa, fraqueza, olhar repetido ao relógio que não para, exaltação, impaciência são manifestações que se reflectem como um espelho. Cada um de nós é o retrato do outro e ficamos nós, por vezes tão indignados com atitudes e comportamentos quando o legado é semelhante, confundindo-se com uma visão tão própria e já anteriormente conhecida, mas, a minha modesta janela mesmo sem grades contribui para a minha recatada visão, a minha pequenez.
A movimentação é inevitável e a rotina do dia-a-dia impõem o terminar da visão calma e tranquila que até há instantes contemplava e que me conduzia para outra vida, outros entendimentos. A minha janela é o meu anteparo entre o meu interior e o mundo, quando límpida é um ótimo exercício à criatividade e imaginação, ao contrário oculta todas as emoções inibindo-me de regozijar as maravilhas da vida. 

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O meu voar

Disperso-me no horizonte logo cedo, o norte é o meu rumo, mesmo voando em círculo devido ao fio que ainda me segura. Tento voar, voar e voar, mas o vento quase me confunde levando-me a perder a orientação, causando por momentos a incapacidade de voar. De volta à terra procuro o meu local de abrigo, a extremidade do fio, do cordão que me guia e conduz. Na próxima tentativa de voo, vou deixar-me levar e dispensar o fio, pois tento conhecer o desconhecido. Neste voo atinjo o objectivo e materializo um dos instintos para o qual estava determinado, mesmo mantendo um voo raso. Agora na descoberta de mais uma incógnita do rumo que traçamos, tento ir mais longe, pois cada vez mais sinto confiança e uma plena clareza da rota, sempre em direcção ao norte, ao destino.Com o tempo o meu voar torna-se sereno e calmo mas sempre humilde, mesmo capaz, as asas são frágeis e o receio de uma rajada de vento mais forte me derrubar, impede a aventura, o risco. Foram muitos os voos ao longo do tempo, conjuntamente com e sem sucesso, posso notar com evidência o cansaço que se apodera e a minha vontade era de voar mais alto. Entretanto, lá longe, consigo conhecer o fio que há muito não o via e que baloiça como que a chamar por mim. Observo os voos dos meus cúmplices, uns bem alto, outros nem tanto, sem querer, comparo, sentindo que durante os meus voos, contribui para uma propagação de bem-estar e equilíbrio no ar que percorri, uma sensação de liberdade e harmonia nas ascensões e baixas que por empenho, necessidade, dever ou compromisso tive de efectuar.
Agora, os ventos voltam a soprar e desta vez mais forte e eu, mais debilitada, com as minhas asas fragilizadas, sou incitada a voar. Hoje e para espanto, já não tenho receio nem dúvidas, vou arriscar, mesmo sendo visível as circunstâncias desfavoráveis e desiguais em que acontece. Nada me pode dissuadir, os incentivos e pareceres de êxito são muitos, mas de igual modo as dificuldades. As rajadas quase me derrubam, mais uma vez estou à prova, de mim mesmo, um teste às minhas capacidades, tenho a certeza que vou atingir o objectivo, mesmo sendo este final de percurso um enorme desafio. A minha esperança incide nos ventos do acaso e na pertinência da conquista, porque capacidade, compromisso e empenho são uma constante luta até abraçar o propósito. Este voo é igualmente uma demonstração de força, capacidade e energia que anteriormente considerava não possuir e também um impulso à pacatez da inércia que apaga a vida.  

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Pensar

Pensamentos vagos
Vagos são os pensamentos, indefinidos mas claros como um raio de luz ao abrir a janela, rápidos e velozes na imensidão de memórias trazidas do baú que há muito tempo estavam trancadas. Intensos de emoções e sentimentos como um vulcão prestes a eclodirem das profundezas da alma e tão presentes como se os evidenciássemos no momento.
Vaguear pensando é o mesmo que flutuar no horizonte, onde as perspectivas se desvanecem em múltiplas e vastas possibilidades, ou onde um enorme vazio se apodera de uma gigantesca e misteriosa sensação de serenidade e calma.A capacidade de pensar ou imaginar exige conhecimento, raciocínio, argumento, mas principalmente estimulação e exercício como qualquer outro membro do nosso corpo. O indivíduo que não incentiva a memória, não pratica ou não argumenta, transforma-se numa cabeça vazia, oca e o seu pensamento poderá ser dominado de perturbação, incógnita, transformando-se numa surpresa e estranhamente presenciarmos uma manifestação de liberdade e independência, pensar implica acção ou reacção? Pensar é muitas vezes sonhar acordado. É voar como um pássaro sem sair do galho da árvore que o acolhe, é nadar no oceano sem nunca ter visto o mar, é ir ao fim de algo que nunca existiu, é poder, é domínio sobre o que não conseguimos obter, é a realidade que ao som de um zumbido ou de um choro de criança que rapidamente nos faz voltar ao presente.

domingo, 1 de maio de 2011

Onda

A vida oferece este vaivém, ir ou voltar, e como eu gostava de ir e poder voltar, como uma onda que vem ao encontro das rochas, salpica-nos de água e desvanecesse na areia, mas enquanto se esconde pode assistir ao riso das crianças na sua procura parecendo um jogo do esconde, e os desenhos que ajudo a construir, mas só até à chegada da próxima onda, pois nesse instante tudo se dispersa. Os mais velhos me respeitam e acatam os meus momentos, altos ou baixos, suaves ou mais ofensivas. Surjo cheia de alegria, de entusiasmo, de bem-querer e muitas vezes acarreto experiências falhadas, tentativas; algumas inúteis e com um gosto amargo, afasto-me para bem longe e tento refazer-me para a nova viagem. 

BALANCÉ

Balancé é o que a vida nos proporciona ao longo dos tempos. Este vaivém de vontades, direcções ou rumos que nos fazem parar para embalarmos, os trilhos que percorremos, as pessoas com quem cruzamos e nos fazem baloiçar nos sentimentos, na paixão, na intuição e na desilusão humana, que com maior frequência conferimos no nosso quotidiano mas, a riqueza da diversidade, da diferença de procedimentos, de saberes, de aptidões, competências são uma enorme fonte onde todos podem beber ou deixar correr em direcção ao próximo.