quinta-feira, 17 de maio de 2012

Amigos


Amigos
Cúmplices e protetores, os amigos deveriam ser como os dedos, unidos na missão de ajudar-se mutuamente com o objetivo de obter um resultado positivo e eficaz. Se compararmos, quando um dos dedos está limitado, de imediato todos os outros convertem as suas forças e energias para diminuir as dificuldades do menos apto. É certo que deveria ser assim o comportamento dos amigos, mas, são poucos os que agem deste modo e como consequência surge o afastamento e até a indiferença. Todos nós somos muito individualistas e sem tempo para cultivar a amizade, esquecemo-nos que grande parte da nossa vida é compartilhada com os amigos, fazem parte de nós, estão de igual modo tão presentes como a família. Dividimos desabafos, procuramos conselhos, comemoramos, somos solidários, passeamos, choramos e rimos; mas, é sobretudo quando queremos deixar cair nossas lágrimas que presenciamos um certo embaraço na predisposição para as nossas lamúrias. A azáfama do quotidiano torna-nos egoístas e muitas vezes até insensíveis. A necessidade de ter alguém que nos escute e que nos ajude a encontrar respostas para os nossos problemas é cada vez mais frequente, pois vivemos num mundo onde tudo acontece muito rápido e temos obrigatoriamente que o acompanhar, esquecendo-nos ou deixando para traz pessoas e valores tão importantes. Este entrave às nossas falas não é de modo algum uma surpresa, surge porque na verdade não somos verdadeiramente amigos, não somos como os dedos unidos nem possuímos o mesmo espírito de entre ajuda, limitámo-nos a olhar em redor, a ouvir, mas não a escutar. Esta falta de diálogo é sinónimo de individualismo e recato, tendo como consequência uma tarefa muito mais difícil no desfecho dos nossos problemas e lamentos. Esta resistência e acomodação rapidamente se torna num problema, conduzindo os nossos desejos e ambições anteriormente idealizados a isolarem-se e acondicionarem-se, tornando-nos seres insatisfeitos e sisudos. Mas, somos nós os protagonistas deste cenário, esta resistência na partilha, a ausência de presença, a incompatibilidade nas relações resulta de uma sociedade cada vez mais peculiar, distinta e somente nós a podemos mudar. Preservar um relacionamento requer difundir todo o nosso cerne, irradiar a nossa essência de modo a contagiar, caso contrário restam-nos os amigos virtuais, estes sim, presentes e com um simples clique comentam, classificam as nossas frases, preferências musicais ou literárias, paisagens ou fotos, apenas com um simples mas estimulante “Gosto”.