Perdi parte
de mim
Perdi a
confidente
Perdi a
cúmplice
Perdi a
melhor amiga
Perdi a
pessoa mais sensata que conheci
Perdi a
pessoa que sabia o que dizer e agir no momento adequado, mesmo que só mais
tarde usufruíssemos do seu saber.
Perdi a
lutadora paciente e sofrida que confrontada diariamente com a guerra, sempre
nos demostrou as suas conquistas de modo cuidadoso e refletido.
Perdi
aquela que mesmo perante um existente tão difícil, idealizava e planeava o
futuro de modo criativo e cheio de vivacidade.
Perdi,
perdi um enorme pedaço de mim,……que vazio, que insignificância, que sentido sem
sentido nenhum…….Mas, mesmo assim o meu coração bate, continua a bater, só que
agora não sei por quanto tempo ainda ele bate de dor, de raiva, de angústia e
de tristeza. Bate no enorme vazio, bate de apertado e pequeno. Bate de
ausência, de tanto desgosto e solidão.
Guidinha! Como é triste
viver sem ouvir o som da tua voz, sem poder sentir o teu cheiro, sem presenciar
o teu olhar, como é triste não poder tocar-te…….Que saudade, que triste é viver
sem a tua presença. Amo-te muito minha querida irmãzinha, tu sabes, sempre
soubeste, mas queria poder dizer-te só mais uma vez.
Como é que
vou conseguir viver com este aperto no peito, com este nó na garganta, com esta
estranha e impossível sensação de que tudo vai ser como antes. Quando é que o
amanhecer me trás a real perceção se foi ou não um sonho mau que vivi? Quando é
que este desassossego me sossega? Quando? Dizem,,,,,,
que os que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós,,,,
Mas o
sentimento que carrego é uma estranha e enorme confusão no tempo, é de um desaparecimento
longínquo, no entanto tão recente. É de uma imagem permanentemente presente,
mas num sonho passado. Encontro-me muito confusa, completamente atarantada com
a derradeira verdade da condição de vida ou morte, que me devasta a alma.
Fica em paz.
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