Todos nós sentimos
falta de algo ou de alguém. Necessitamos de tempo, de dinheiro, de trabalho, de
férias, de apetite, de vontade, de amigos, mas é sem dúvida na família que o
nosso coração mais chora. É indiscutivelmente aqui que a nossa garganta fica
demasiado apertada, tornando o ar que respiramos insuficiente para a nossa
existência. Mas, como contrariar todas estas necessidades? Como obter um pouco
de tudo isto sem prejuízo para o nosso bem – estar? Será um processo simples?
Acredito que sim. É necessário dar, dar de nós, distribuir um pouco do nosso
precioso tempo, prescindir de algo em prol do outro, temos que semear. Semear
palavras, evidenciar atitudes, difundir sentimentos, espalhar o que de melhor
existe nós. Descentrarmo-nos do nosso singular umbigo será certamente
o início de uma colheita promissora, mesmo que a semente não consolide de
imediato. Se não compartilharmos, se não dividirmos com os demais, o retorno
será nulo e por vezes até acusador. É frequente assistirmos a inúmeras
cobranças, somos seres insatisfeitos, mas se estivermos atentos, verificámos
que onde a semente mais careceu foi em prejuízo de sentimentos e emoções.
Emprestar um pouco do nosso tempo a ouvir testemunhos
dos nossos avós ou de pessoas mais velhas é de fato enriquecedor e caloroso,
sem esquecer que nestes momentos apadrinhámos uma imensa necessidade de
afirmação. São histórias simples, mas com uma enorme dose de carinho e
satisfação por poder partilhar. As vivências e passagens anteriores servem para
aprender ou corrigir algo. Escutar, educar, transmitir e partilhar
conhecimentos, são muitas vezes relatos de memórias que ajudam a compreender e
a compreendermo-nos, tornando a vida mais simples e a inexistência menos presente.
À falência
de emoções e vontades eu denomino de carência de viver. Uma
vida sem objetivos ou ambições facilmente culmina na maior pobreza de
existência.
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