domingo, 26 de janeiro de 2014

Carências

Todos nós sentimos falta de algo ou de alguém. Necessitamos de tempo, de dinheiro, de trabalho, de férias, de apetite, de vontade, de amigos, mas é sem dúvida na família que o nosso coração mais chora. É indiscutivelmente aqui que a nossa garganta fica demasiado apertada, tornando o ar que respiramos insuficiente para a nossa existência. Mas, como contrariar todas estas necessidades? Como obter um pouco de tudo isto sem prejuízo para o nosso bem – estar? Será um processo simples? Acredito que sim. É necessário dar, dar de nós, distribuir um pouco do nosso precioso tempo, prescindir de algo em prol do outro, temos que semear. Semear palavras, evidenciar atitudes, difundir sentimentos, espalhar o que de melhor existe nós. Descentrarmo-nos do nosso singular umbigo será certamente o início de uma colheita promissora, mesmo que a semente não consolide de imediato. Se não compartilharmos, se não dividirmos com os demais, o retorno será nulo e por vezes até acusador. É frequente assistirmos a inúmeras cobranças, somos seres insatisfeitos, mas se estivermos atentos, verificámos que onde a semente mais careceu foi em prejuízo de sentimentos e emoções. 
Emprestar um pouco do nosso tempo a ouvir testemunhos dos nossos avós ou de pessoas mais velhas é de fato enriquecedor e caloroso, sem esquecer que nestes momentos apadrinhámos uma imensa necessidade de afirmação. São histórias simples, mas com uma enorme dose de carinho e satisfação por poder partilhar. As vivências e passagens anteriores servem para aprender ou corrigir algo. Escutar, educar, transmitir e partilhar conhecimentos, são muitas vezes relatos de memórias que ajudam a compreender e a compreendermo-nos, tornando a vida mais simples e a inexistência menos presente.
À falência de emoções e vontades eu denomino de carência de viver. Uma vida sem objetivos ou ambições facilmente culmina na maior pobreza de existência.

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