sábado, 15 de outubro de 2011

Inquietudes

Nervosismo, tumulto e desassossego é o que nos demonstra esta luta desigual de classes colocando em causa principalmente a saúde e educação. Há uns anos atrás, grandes e médias empresas, instituições bancárias abonavam lucros fabulosos e como que ao som de um clique começaram a dar prejuízos enormes de tal modo que foi inevitável a intervenção do governo de modo a auxiliar na sua liquidez. Desculpem mas não entendo como é que uma empresa tão depressa detém lucros como rapidamente entra em declive e obviamente em falência. Resultado da crise? Mas qual crise? De quem? De quê? Quem afecta? O mercado que está direccionado para os ditosos, como o automóvel que tem escassez de produto perante a procura? Não, estes não demonstram crise; o imobiliário? As grandes moradias vende-se sem problemas, o sector hoteleiro e de viagens não apresentam dificuldades, claro que refiro-me a locais paradisíacos e com várias estrelas. As grandes marcas como vestuário, calçado, brinquedos, artigos decorativos, enfim, todos os bens e produtos de grande escala são cada vez mais atraídos pelo consumo. Então, mais uma vez pergunto e questiono a minha humilde inteligência, onde está a crise? Afinal não somos todos nós que temos o compromisso de atenuar a crise? Sem dúvida que sim, mas esta atinge de modo muito mais devastador o indivíduo mais frágil, delicado, indefeso, de menor capacidade, quer cultural, social, mas principalmente o de classe económica média/baixa.
Saúde e educação são vertentes sociais que implica de modo directo a comunidade e a sua continuidade e é nestas áreas que o governo quer reduzir despesas quando a qualidade dos serviços prestados não são de forma alguma sequer classificados de razoáveis. Escolas sem professores, turmas ou classes com excesso de alunos, materiais e mobiliário inadequado, a prática de exercício físico é realizada sem garantias de segurança, não possuem um pavilhão polivalente, ensino este que não agrada professores nem alunos. São inúmeros os défices neste assunto. A saúde está muito doente, desde os profissionais, os locais de atendimento e claro os utentes. A espera é demasiada pelas consultas, o atendimento rápido e indiferente, prescrições de medicamentos e meios de diagnóstico desnecessários do mesmo modo que verificamos noutras situações a sua escassez. Profissionais de saúde que só obrigatoriamente cumprem horário e assim constatámos, uma enorme lentidão, carência de sensibilidade, falta de comunicação, humanização e organização.
 Podemos reduzir custos e aumentar receitas em variadíssimos sectores, mas nunca numa área tão delicada e necessária como a saúde e a educação. Criar impostos sobre as fortunas? Sim. Desenvolver impostos extras sobre as grandes vivendas, ou sobre ordenados elevadíssimos, ou ainda nos carros de luxo? Sem dúvida que sim. Certamente que estes exemplos teriam um impacto positivo na educação e melhoravam a saúde dos portugueses, mas estas medidas não acreditam votos, créditos ou popularidade. Não sou economista nem necessito de o ser para saber que para equilibrar o orçamento perante a escassez que verifico na minha contabilidade, tenho que reduzir e poupar. Evitar o desnecessário mesmo que seja um e só um euro é o lema. O ditado “grão a grão enche a galinha o papo” é hoje uma forte constatação a ter em apreciação. A economia está a regredir e como alguém já disse estamos a caminhar para um Portugal pobre, muito pobre idêntico ao dos anos sessenta / setenta. Cerzir meias, levar marmitas para o trabalho será um procedimento a adoptar. Contudo a área da saúde e educação são pilares fundamentais para a construção de um povo e de um país. Um povo doente e carente de conhecimentos, cultura ou formação, irá certamente mais uma vez comprometer o nosso futuro e continuarmos no fundo da tabela, sem evolução ou progresso.
 Esta carência de meios, esta lacuna actual na sociedade vai através de ramais familiares e sociais cada vez mais débeis e vagos, atingir consequências devastadoras.

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