sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Convicções?!

Epidemia é sinónimo de praga, peste ou flagelo sendo com muita tristeza que ainda hoje verificamos a sua presença. Infelizmente são devastadoras e arruínam comunidades, a sua essência, os seus corpos. As vacinas são prevenções e tratamentos que devidamente e atempadamente adquiridas evitam muitas doenças outrora sem resolução.
Casamento é uma união, um enlace, um elo de ligação, do mesmo modo que as uniões de facto, pois são a junção entre duas pessoas que se amam e que decidiram coabitar no mesmo espaço, partilhar e conjugar ideias e opiniões que a dois resultam em semelhanças e afinidades que se completam e complementam.Três temas diferentes, sem nada em comum, inacreditável, impensável e inconcebível para proclamar numa homilia de casamento. Mas, é pedido atenção e silêncio pelo celebrante para as palavras que vão ser dirigidas aos noivos, pois o momento assim o designa. O pedido é acatado inclusive desligados os holofotes dos fotógrafos para não perturbar ou distrair a assembleia que atentamente escuta.
Na minha perspectiva e naquele momento, o pensamento e argumento do celebrante deveria ser dirigido ao novo casal e demonstrar a importância do casamento, o que este significa, como é importante amar, planear, dar, ouvir, respeitar o outro, enfim seria muito mais gratificante para os noivos e restantes convidados proferir palavras de alegria e satisfação por estar diante de si um casal, jovem, que se quer unir pelo sacramento do casamento; mas não, escolheu criticar, julgar e condenar outras formas de união entre pessoas que se amam. O seu discurso foi insensível e deveras perturbador, levando-me a questionar se estava num local de culto, de oração e perante uma cerimónia de alegria e comemoração ou num lugar onde o pregador se esqueceu da função para que foi nomeado e começou a ensandecer. De entre várias frases sem fundamento destaco esta que me perturbou e que discordo profundamente, “… caros noivos, hoje pretendo pronunciar algumas palavras no sentido de vos alertar para esta epidemia que está a atingir os nossos jovens. Estou a falar das uniões de facto, dispensando os jovens de assumir compromissos e promessas que se recusam a reconhecer. Os jovens que vivem em união de facto, ausentam-se às responsabilidades, fogem dos acordos, dos deveres. O casamento é sem dúvida a vacina necessária para combater esta epidemia…”, prosseguiu com mais frases sem coerência, sem nexo, sem fio condutor, que transmitisse algo de claro, apenas prosseguiu com uma oratória que me indignou e revoltou de modo a partilhar este momento com vocês. Alguém ao meu lado, também indignado sussurrou, ”não gostaria de ouvir isto no meu casamento”. A minha esperança é que o choro das crianças que também estavam na cerimónia e o seu andar inseguro, frágil e ruidoso desviasse mesmo que por instantes a atenção das pessoas e as suas palavras não passassem de meros sons.
Todos os pais desejam o melhor para os seus filhos, que sejam e vivam felizes. Deus é pai, por isso tenho a certeza que Ele quer que os seus filhos vivam em paz, amor, respeito e harmonia, independentemente do caminho que escolhem para viver em felicidade. Este e outros temas faz-nos pensar o que é estar convicto ou firme sobre uma questão, um pensamento ou comportamento. Fazer juízos de moral ou valor em relação a pessoas, sentimentos, atitudes ou modos de vida, é muitas vezes traduzido em sentimentos de desconfiança, censura às diferenças e fraqueza, ignorando as consequências de tanta convicção e firmeza. Um ser humano demasiado convicto é certamente sinónimo de inflexível e incomplacente com os seus amigos, o seu próximo ou sociedade. A minha questão é: será que a sua atitude é resultante da sua convicção, crença ou ética? Ou será a sociedade onde está inserido que lhe impõe estas atitudes? A maioria das nossas acções são resultante do que exigem ou esperam de nós e não propriamente do juízo, certeza ou crença que defendemos, porque muitos  de nós, aceitamos e seguimos certas normas morais e sociais, sem questionarmos, apenas fazêmo-lo porque é  costume ou prática, ignorando o seu significado ou o seu propósito. 

1 comentário:

  1. Penso que os noivos teriam gostado de fazer a leitura deste pequeno texto no dia. Seria seguramente mais adequado e confortante.

    ResponderEliminar