quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Educar

Educar é sinónimo de ensinar, disciplinar, instruir, guiar ou orientar, mas é fundamentalmente formar e habilitar os nossos filhos, as nossas crianças, para que sejam jovens e adultos capazes, autónomos, solidários e bem formados. Tudo isto através dos nossos ensinamentos, conselhos e exemplos, legado este que iremos rever no futuro. É ao redor da mesa que muitas vezes começamos por ensinar as primeiras regras e comportamentos. Saber estar à mesa, como sentar, o modo correcto de comer, não interromper as conversas, pedir licença para sair ou pedir por favor; são pormenores que devem desde cedo fazer parte das boas maneiras, de como nos comportar em sociedade.
Hoje é comum observarmos crianças, descendentes de vários extractos sociais, sentados comodamente à mesa de um restaurante e sem transtorno ou aborrecimento para quem os acompanha, ser-lhes facultado e sem nenhuma objecção o computador ou telemóvel para brincar e deste modo poderem usufruir do acto da refeição sem contrariedades. Não, não estou a referir-me a adolescentes, mas sim a crianças que mal sabem falar, idade da imaginação, dos porquês, idade preciosa para lhes mostrar e demonstrar o modo correcto de ser e estar. Fiquei chocada sim com esta situação, pois eram várias as mesas com crianças, caladas, sem um riso, choro ou uma birra e por consequência, pais e amigos tranquilos sem dirigir qualquer palavra ou comentário à criança no decorrer de quase duas horas de jantar, a não ser claro para repor um novo jogo ou eventualmente apanhar o telemóvel que entretanto acabou por cair.
Que legado é este que transmitimos às nossas crianças? Todos sabemos que elas aprendem por imitação. Certamente quando lhes surgir as primeiras questões, as primeiras dúvidas, irão naturalmente dirigir-se à máquina, isolados, sem diálogo e com pais à procura de respostas nos consultórios dos psicólogos, pois não sabem o que fazer com os filhos deprimidos, solitários e afastados. Não temos o direito de culpabilizar os nossos adolescentes e jovens pelo excesso de rebeldia que muitas vezes é acompanhada de má educação, pois no momento em que foi necessário aconselhar e educar, nós adultos, estávamos demasiado absorvidos e alheios. Resultado do progresso, não, resultado do egoísmo, comodismo e inexistência de comunicação.  

1 comentário:

  1. Parabéns Emilia! Mas, se me permite, deixe-me também dar a minha opinião. Uma opinião de mãe, de educadora de infância, mas, acima de tudo educadora de futuros adultos. Numa altura, em que tanto se fala de crise económica, de crise financeira...de crise politica, não estará mais do que na hora de nos preocuparmos verdadeiramente com a crise de valores? Não será essa a principal crise? Aquela que faz o Homem não olhar a meios para atingir fins? Não pensar no próximo, ou não olhar, com "olhos de ver" aquele que em silêncio tanto necessita?
    Tudo é fácil e está ao acesso de qualquer um. Até o silêncio oportuno de um filho nós conseguimos "adquirir", basta termos alguns trocos para gastar numa consola de jogos portátil...
    É bem verdade, quando a Emilia diz, que as crianças aprendem por imitação...a nossa postura será a postura dos nossos filhos, dos nossos alunos, das crianças com quem convivemos de perto.
    Orgulho-me de dizer que na minha casa, apenas existe uma televisão, que a hora da refeição é passada com televisão desligada..e que todas as grandes decisões são tomadas à mesa.. é durante a refeição que fazemos o balanço do dia e planeamos os seguintes.
    Posso não ser vista como exemplo, mas, resta-me a consciência tranquila por não haver falta de diálogo entre nós (pais) e os nossos filhos. Porque para mim. a familia é e será sempre a primeira instância de educação.
    Rosina

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