sexta-feira, 3 de junho de 2011

A minha janela

  Da minha janela alcanço e trespasso a imensa diferença que me demarca do exterior, assim como posso decifrar o que está para além da minha capacidade de imaginação. Por vezes a minha janela encontra-se transparente, límpida e cintilante, outras nem tanto, mas sempre aberta, de modo a depreender ruídos, sons, perfumes ou fragrâncias que se movimentam de modo visível ao olhar vago ou atento do espectador. O fumegar da chaminé da casa em frente carrega um forte e doce aroma a existência. O latir do cão confunde-se com os risos das crianças que brincam no jardim, o cheiro a relva cortada, a roupa a enxugar na varanda, atesta uma sensação de frescura e cuidado.
A rapidez ou lentidão que observo e avisto no dia-a-dia agitado e turbulento de cada um é um verdadeiro corrupio de emoções e sentimentos. Expressão de entusiasmo, paixão, alegria, mágoa, fraqueza, olhar repetido ao relógio que não para, exaltação, impaciência são manifestações que se reflectem como um espelho. Cada um de nós é o retrato do outro e ficamos nós, por vezes tão indignados com atitudes e comportamentos quando o legado é semelhante, confundindo-se com uma visão tão própria e já anteriormente conhecida, mas, a minha modesta janela mesmo sem grades contribui para a minha recatada visão, a minha pequenez.
A movimentação é inevitável e a rotina do dia-a-dia impõem o terminar da visão calma e tranquila que até há instantes contemplava e que me conduzia para outra vida, outros entendimentos. A minha janela é o meu anteparo entre o meu interior e o mundo, quando límpida é um ótimo exercício à criatividade e imaginação, ao contrário oculta todas as emoções inibindo-me de regozijar as maravilhas da vida. 

1 comentário:

  1. é dificil comentar
    quando leio o que escreves despertas em mim um sorriso dificil de tirar...
    beijinhos

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